Hoje, pela primeira vez, desde já algum tempo, que constatei o quanto privilegiado eu sou. Todos os dias acordo numa cama confortável, não é minha, mas também que importa, sou eu que a uso. Todos os dias tenho água corrente, quente, potável. Tenho sabão, roupa para vestir, não passo frio, não sinto fome ou sede. Tenho sapatos, um carro, dinheiro para despesas, não tenho doenças. Tenho uma família que apoia e está presente, sem questionar, só a aceitar. Tenho um emprego, tenho vida para além do emprego e tenho amigos no emprego (hoje até me disseram “eu gosto de ti”) Tenho amigos em todo lado, alguns perto outros longe, alguns mais presentes outros nem tanto. Tenho tudo isso e muito mais. Tanto que nem é necessário continuar a enumerar.
Mas não foi só por causa disto tudo que me senti privilegiado… Reparei que no sitio onde habitualmente almoço os pássaros cantam com uma alegria enorme, oiço melros, pardais, cucos, picapaus, galinhas vacas… Que maravilha, numa pequena pausa e tanta vida. Tanta vegetação, árvoredo, coreto, sítio bom para picnicar, namorar ou simplemente estar. São momentos assim, que me dão força, tanta vida, tanta energia e eu a fazer parte de tudo da forma mais anónima possível. Para compensar ao final do dia, ainda posso passear na praia (não é à beira mar) é mesmo na praia, molhar só os pés (que a água está gelada) e caminhar na areia húmida. Vejo peixes nas poças, búzios, camarões, carangueijos, gaivotas e outras aves que não sei o nome. As pessoas cruzam-se e cumprimentam-se olhando nos olhos como já ninguém faz. Hoje foi um dia bom… e perdi mais um medo.
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obrigado por estares aí a leres o que eu senti