Já se passou algum tempo desde o meu primeiro beijo, recordo-me como se fosse hoje.Já passava da meia-noite ou quase, também não era importante. O que interessava era o momento, aquele preciso instante em que dentro do carro, no escuro, no calor, naquele reboliço numa aparente calma, feito cobarde e corajoso, fui rei e ladrão com uma implícita autorização. Não tinhamos passado, não procuravamos futuro, roubei-te aquele primeiro beijo que foi tão bom quanto puro.
Lembro daquele primeiro beijo, estava sentado no sofá, relaxado como à muito não relaxava. Calmo como à muito não estava, onde tudo dançava e o teu olhar me embriagava. O que estava adormecido num instante acordou e uma nova força em mim despertou. Foste leoa como eu nunca acreditei, naquele confortável sofá beijei, beijei, beijei…
E aquele primeiro beijo, sem sentido nem pudor, antes da tua grande viagem e eu com medo de te tornares miragem, no hall do edifício onde não me era permitido entrar, dei-te um abraço para me aguentar e ganhar forças para te beijar.
E o primeiro, na parque de Matosinhos, num encontro esporádico de velhos amigos, não tão velhos assim, não tão amigos quanto isso, mas onde o desejo do beijo à muito estava implícito, coisas por resolver, coisas que naquele momento já não se podiam perder, só tinhamos a ganhar, naquela fim de tarde, no banco do jardim, eu dei-te um beijo e tu a mim.
Lembro do primeiro beijo, na minha sala, num dia verão, quente, todo o ambiente era quente. Tudo escaldava, tudo era perfeito, até mesmo o teu peito, ter-te no meu leito. Rendida a mim, eu rendido a ti, sem saber bem o que fazer, sem ter onde me esconder, apenas uma coisa havia para fazer.
E o meu primeiro, atrás do pavilhão na escola, onde tu, paixão de inocente coração, a quem sempre dava a mão e passava horas abraçado. Onde ainda hoje consigo ver a inocência daquele tempo nos teus olhos, a mesma inocência que fez, de uma vez, te desse aquele beijo… se calhar dois ou três.
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obrigado por estares aí a leres o que eu senti