Muitas vezes lembro-me do meu Avô, muitas coisas dele me lembro. Atitudes, comportamentos, da arte, dos inventos. Das longas horas que ele passava, maior parte delas sozinho, metido na oficina sempre a resolver problemas. O meu avô era um homem bom, como todos os avôs são (ou deveriam de ser).Recordo-me da casa dele, num bairro em lisboa, em que fascinado vinha a janela para ver o camião do lixo passar. O “pirilampo” laranja que iluminava aquela pequena casa como se fosse uma discoteca, e eu a vibrar com tudo aquilo (era só um camião do lixo).
Com ele apanhei alguns vicios, era um idolo a emitar (e não existe melhor elogio que tentarmos copiar outra pessoa). A única coisa que não tentei imitar foi o bigode dele… fino, pequeno encostado ao lábio. O meu avô estava sempre de bata sempre a arranjar algo, eu imitava-o, tentava arranjar relógios usando um martelo (por alguma razão nunca consertava).
Quando eu estava engessado o meu avô levava-me à escola no seu carro branco ford taunus tipo limosine que eu tive o prazer de desmontar com ele. Eu aprendi muito com ele, não com o que ele dizia, mas vendo o que ele fazia. Ele foi e ainda é um exemplo que eu tento seguir, muitas vezes sem conseguir. Mas existem dois momentos que para mim foram mais marcantes. A últimas palavras que ele me disse (que não me saem da cabeça) e aquela vez em que ele, pouco depois de perder a companheira de vida, alcoolizado, chama-me ao quarto e eu horrorizado. Ver o meu heroi daquela forma, fragilizado, vulnerável, disposto a não prosseguir diz-me ao ouvido baixinho só espero um dia pegar nos teus filhos ao colo…
Pegou neles ao colo, por eles deixou de fumar, fez-lhes carros, carroceis, pistas. Com os bisnetos voltou a ser criança e eu senti-me feliz. Consegui dar ao meu avô aquilo que ele quis.
#éaminhasomadetodososmedos
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obrigado por estares aí a leres o que eu senti